
O desafio da precificação de trabalhos na engenharia diagnóstica
18/04/2025
A Importância da Assessoria Técnica na Gestão Condominial
18/04/2025Se você é um jovem vistoriador iniciando sua trajetória na patologia das construções, saiba que a vistoria é o ponto de partida fundamental para compreender, documentar e solucionar problemas em edificações. Mais do que uma simples observação, ela é uma habilidade técnica que combina metodologia, atenção aos detalhes e um olhar crítico, desenvolvendo-se com a prática constante e a busca por conhecimento.
O que é vistoria?
O termo “vistoria” pode ser entendido de diferentes maneiras, dependendo do contexto e da abordagem técnica ou normativa. Neste artigo, destaco as definições que, como autor, considero mais relevantes para a prática e compreensão do tema.
A vistoria é o ato de identificar e registrar anomalias, sejam elas visíveis ou não evidentes ao olhar leigo. Embora muitas vezes percebida como uma atividade simples, a vistoria exige procedimentos claros e conhecimento técnico para constatar adequadamente os problemas.
De acordo com a ABNT NBR 13752 (2024), a vistoria é uma espécie de perícia que pode ter como objetivo a constatação de fatos, podendo também ser aplicada para análise comparativa de conformidade ou até mesmo para o desenvolvimento de métodos investigativos e analíticos fundamentados. Segundo a ABNT NBR 16747 (2020), a vistoria é uma etapa que compõe a inspeção.
Lichtenstein (1986), descreve que a vistoria envolve a aproximação física do vistoriador ao edifício, funcionando como um exame minucioso para reunir o maior número possível de informações pertinentes. Já no Manual de Engenharia Diagnóstica (2ª edição), a vistoria é destacada como a ferramenta inicial e essencial para qualquer investigação diagnóstica.
Para jovens vistoriadores, a vistoria é uma oportunidade única de exercitar sua capacidade de observação e contribuir significativamente com o processo de diagnóstico.
Por que a vistoria é essencial?
Começar sua jornada entendendo o papel da vistoria é essencial, pois ela proporciona:
- Base técnica sólida: Permite que o jovem vistoriador constate e registre as manifestações patológicas de forma precisa.
- Prevenção de problemas: Ajuda a identificar sinais precoces de anomalias, contribuindo para mitigar intervenções mais complexas.
- Segurança e responsabilidade: Um bom trabalho de vistoria reflete diretamente no bem-estar e na segurança da edificação e dos usuários.
Um exemplo prático que pode ser apresentado aqui é o de uma vistoria cautelar de vizinhança, na qual um problema estrutural foi registrado e informado aos construtores, possibilitando que um especialista avaliasse as condições do imóvel antes do início das obras. Essa constatação inicial contribuiu para um diagnóstico técnico detalhado e ações corretivas apropriadas.
A observação é o ponto de partida para desvendar os problemas que afetam uma edificação.
O papel do jovem vistoriador
Para jovens vistoriadores, a vistoria é mais do que um trabalho técnico: é a porta de entrada para o entendimento profundo das edificações. Seu papel envolve:
- Identificar sintomas (relatados pelos usuários): Por exemplo, cheiro de mofo ou a infiltração só ocorre quando chove.
- Registrar sinais: como fissuras, desaprumos e manchas de umidade.
- Documentar com precisão: Por meio de fotografias amplas para identificar os ambientes e a posição das anomalias, além de aproximações para detalhar os problemas patológicos.
Adote a mentalidade investigativa. Como diz Marcus Grossi, “As ferramentas devem ser uma extensão da observação técnica, permitindo a coleta confiável de dados.”
Ferramentas e Métodos
As principais ferramentas são os nossos sentidos, que devem estar sempre aguçados, pois grande parte das vistorias é predominantemente sensorial. No entanto, outras ferramentas e equipamentos nos auxiliam a realizar as vistorias com maior qualidade e precisão, sendo alguns desses:
- Câmera fotográfica ou celular
- Lanterna
- Trena
- Fissurômetro
- Prancheta
- Nível de mão
- Martelo de percussão
- Medidor de umidade
- Câmera termográfica
Conforme Felipe Lima descreve, “Os métodos nos protegem e nos dão suporte para o desenvolvimento do nosso trabalho.”
Métodos organizados como a utilização de checklists, seguir um roteiro com padrão de sentido e direção da vistoria, bem como padronizar a forma de realizar os registros fotográficos, permitem que nenhum detalhe passe despercebido.
É essencial estar bem preparado para a realização de vistorias. Essa preparação começa com uma base sólida de conhecimentos, sustentada por referências técnicas e bibliográficas. Normas como a ABNT NBR 13752 (2024): Perícias em edificações e a ABNT NBR 16747 (2020): Inspeção predial, além de literaturas especializadas no assunto, algumas nas quais estão listadas abaixo, são ferramentas importantes para o preparo e a formação necessária para conduzir de forma adequada vistorias em edificações.
Indicações de literaturas para auxiliar na formação do vistoriador:
1ª – Manual de Engenharia Diagnóstica (2ª edição):
Autores: Tito Lívio Ferreira Gomide, Stella Marys Della Flora, Antonio Guilherme Menezes Braga, Marco Antonio Gullo, Jerônimo Cabral Pereira Fagundes Neto.
Descrição: Este manual alia teoria e prática, apresentando o que há de mais moderno nas investigações de vistorias, inspeções, auditorias e perícias em edificações.
2ª- Inspeção e Recebimento de Obras
Autor: Marcus Vinícius Fernandes Grossi.
Descrição: Aborda procedimentos e técnicas para a inspeção e recebimento de obras, visando assegurar a qualidade e conformidade dos serviços executados.
3ª- Patologia das Construções
Autores: Gildeon Sena, Matheus Leoni e Abdala Carim Neto
Descrição: Este livro aborda de maneira abrangente os principais conceitos relacionados às patologias das construções, explorando as causas, manifestações e metodologias de diagnóstico de falhas em edificações. A obra combina teoria e prática, oferecendo exemplos aplicados e soluções para a prevenção e correção de problemas construtivos, sendo uma referência valiosa para profissionais e estudantes da área.
Erros comuns e como evitá-los
Para jovens vistoriadores, evitar erros simples é um diferencial:
- Ignorar pequenos detalhes, que podem esconder falhas maiores.
- Fotografias mal enquadradas ou sem contexto técnico.
- Falta de organização no planejamento da vistoria.
- Concluir ou diagnosticar durante a vistoria, sem antes ter coletado todos os dados.
De acordo com Doyle (2017), em As aventuras de Sherlock Holmes o personagem descreve: “É um erro grave formular teorias antes de se conhecerem os fatos. Sem querer, começamos a distorcer os fatos para se adaptarem às teorias, em vez de formular teorias que se ajustem aos fatos.”
A vistoria é, portanto, o momento da coleta de dados relevantes, sem se preocupar ainda com o diagnóstico.
Por onde começar?
No início da sua jornada como vistoriador, é fundamental buscar subsídios e suporte que contribuam para o seu aprendizado e crescimento. Fazer parte de uma equipe multidisciplinar, trabalhando ao lado de profissionais mais experientes, é uma das maneiras mais eficazes de se desenvolver.
Ao atuar nesse ambiente, você terá a oportunidade de aprender diretamente com especialistas, observar como eles enfrentam desafios reais e receber orientações práticas sobre técnicas e metodologias. Essa convivência proporciona:
Troca de conhecimento: A equipe multidisciplinar agrega perspectivas diversas, enriquecendo sua visão técnica.
Apoio na tomada de decisões: Os mais experientes podem ajudar a interpretar os sinais das edificações, além de oferecer soluções práticas.
Desenvolvimento contínuo: Você terá um espaço seguro para experimentar, errar e corrigir, sempre com o suporte necessário para evoluir.
Além disso, pratique a constatação, que é o ato de observar e registrar problemas. A constatação é o momento inicial no qual você treina seu olhar técnico para identificar sinais e sintomas em edificações. Essa prática desenvolve:
Senso crítico: Você começa a perceber detalhes que podem indicar problemas maiores.
Capacidade de análise: Ao registrar e documentar com precisão, você fortalece suas habilidades para futuras interpretações e diagnósticos.
Combine sua prática individual com o aprendizado em equipe, e seu desenvolvimento será ainda mais rápido e consistente. Lembre-se: o trabalho em equipe e a dedicação pessoal são ferramentas poderosas para alcançar o sucesso.
A atenção nos detalhes é o diferencial de um bom vistoriador.
Mensagem final para jovens vistoriadores
A vistoria é uma oportunidade de aprendizado constante. Trabalhar com dedicação e metodologia constrói uma base sólida para sua carreira como vistoriador. Lembre-se, o sucesso na vistoria está na atenção aos detalhes e em fazer o seu melhor com as ferramentas disponíveis.
E você, jovem vistoriador, como está desenvolvendo suas habilidades técnicas?